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Anatomia Funcional – Grande Dorsal

Por Marcus Lima em 31 de julho de 2014

Continuando com a série falando sobre anatomia funcional, escrita pelo Chuck Wolf e baseada nas ideias de Gary Gray. Agora a bola da vez é a função do Grande Dorsal (ou Latíssimo do Dorso na nomenclatura mais correta).

 

Grande Dorsal

Chuck Wolf

Meu irmão mais velho foi um ginasta de elite quando era mais jovem e lembro de ficar maravilhado com os movimentos que ele e seus colegas da equipe de ginástica olímpica conseguiam fazer. Lembro que um de seus colegas quase não era capaz de abaixar os braços, tamanha era a hipertrofia de seu grande dorsal, o cara parecia que podia voar.

Estou certo que a maioria de vocês já viu posturas e poses como a que estou descrevendo. Na medida em que desenvolvi uma apreciação do movimento humano, nunca esqueci aquelas imagens, particularmente quando eu estudava as costas e o grande dorsal.

De acordo com os livros texto, o grande dorsal aduz o úmero no plano frontal, estende o braço no plano sagital e roda internamento o úmero no plano transverso. No entanto, no movimento existe uma estória bem diferente. Usemos o braço direito como referência no exemplo do que acontece durante o ciclo da marcha:

O ombro direito e o quadril esquerdo flexionam quando o calcanhar esquerdo atinge o solo. Da mesma forma, o ombro esquerdo e o quadril direito estão estendidos. Esta ação “carrega” poderosamente os abdominais e quadris no plano transverso. Neste cenário, o grande dorsal está carregado excentricamente e desacelera o ombro no lado direito.

Considerando um movimento como um arremesso, o grande dorsal irá assistir na desaceleração do braço no movimento acima da cabeça do arremesso, então age para desacelerar o braço quando ele entra em rotação interna durante a fase de liberação da bola. É nesta fase de liberação da bola, que o grande dorsal é altamente recrutado e precisa trabalhar sinergisticamente com o quadril oposto através da fáscia toracolombar, inserindo no complexo glúteo para controlar o movimento do braço (N.T: Adaptei um bom artigo sobre este tema há um tempo atrás: Fáscia Toracolombar).

Esta conexão fascial (mencionada anteriormente) forma o Fator-X posterior das Vias Expressas de Flexibilidade.

(N.T: Em inglês: X-Factor, chamado assim por Chuck em virtude da conexão cruzada do grande dorsal com o glúteo máximo do lado oposto, formando um X. As conexões de fáscias e músculos, Chuck chama de Vias Expressas de Flexibilidade, similar a muitos conceitos desse tipo, com muitos nomes diferentes, como o conceito de Thomas Myers ao qual ele chama de Trilhos Anatômicos. Apesar de muitos nomes diferentes, o ponto em comum é: As inúmeras conexões fasciais do corpo humano).

Acredito que há uma função extremamente importante do grande dorsal que frequentemente é subestimada, seu papel na estrutura de suporte que é a fáscia toracolombar. Serge Gracovetsky, Ph.D, declarou no seu eloquente artigo “Is the Lumbodorsal Fascia Necessary?”:

“Uma vez que a flexão do tronco e a inclinação pélvica podem modificar a lordose lombar, o que pode ser observado durante a marcha, a combinação da oscilação do tronco e da pelve irá continuamente redirecionar o fluxo de forças a partir das pernas até a extremidade superior do corpo”.

Esta ação demonstra a necessidade do grande dorsal e dos quadris serem sinergicamente móveis para reduzir o stress sobre a coluna lombar. O grande dorsal é a única estrutura muscular do corpo que conecta o quadril ao ombro (do lado oposto), e tem uma forte implicação sobre a postura, a marcha e atividades funcionais.

Por favor, analisem as fotos e a tabela abaixo para verem a estrutura e função do grande dorsal.

 

 

Ação do Latíssimo do Dorso no Ciclo da Marcha


Aqui está o link do artigo original em inglês: The Latissimus Dorsi: Does More Than the V-Shape.

Instituto Fortius