Esta é uma série que Eric Cressey publica em seu site a respeito de avaliações que podem estar sendo negligenciadas. A que vai ser exposta aqui trata do teste de flexão lateral do tronco, um teste global que pode fornecer muitas informações.
Boa leitura.
Avaliações que você pode estar negligenciando
Eric Cressey
Adaptação: Marcus Lima
Faz algum tempo desde que publiquei e atualizei esta série de artigos sobre avaliação, mas algumas avaliações que fiz em jogadores profissionais de beisebol “fora de temporada” me fizeram pensar bastante a respeito do quão importante é analisar a flexão lateral do tronco.
(N.T: Fora de temporada é o que os americanos chamam de “off-season”, nesta época os jogadores de esportes coletivos no Estados Unidos procuram centros de treinamento particulares a fim de se prepararem para a pré-temporada em seus clubes).
Na figura abaixo podemos dizer que o atleta tem limitação bilateral na flexão lateral do tronco, mais ainda, a limitação é maior no lado esquerdo, em comparação com o direito. Também podemos notar o quão mais o quadril direito se desloca para fora (ou aduz) na medida em que ele flexiona o tronco para a esquerda; ele está substituindo a verdadeira flexão lateral do tronco pelo movimento no quadril.
O culpado mais provável nessa situação é o quadrado lombar do lado oposto (o quadrado lombar direito limita a flexão lateral para a esquerda).
(N.T: A maneira que o Cressey desempenha esta avaliação, com os pés unidos limita propositalmente a participação da pelve/quadril no movimento a ser analisado. Nada impede, porém, que se faça a mesma avaliação com os pés afastados, para ter um olhar mais global da flexão lateral, sabendo que haverá mais participação da adução/abdução dos quadris).
Como podemos ver na figura abaixo, o quadrado lombar, com seu formato triangular, conecta a base do gradil costal com o topo da pelve e da coluna.
Alongar o quadrado lombar não é particularmente desafiador; eu gosto de me inclinar para alongar a linha lateral (sustentar por 5 expirações).
Este é um alongamento que pode ser modificado para ter como alvo o latíssimo do dorso, o quadrado lombar ou os abdutores do quadril.
(N.T: Linha Lateral – Imagem abaixo, conceito trazido por Thomas Myers em seu célebre livro “Trilhos Anatômicos”).
Com isso dito, o maior problema é entender em primeiro lugar por que o quadrado lombar se torna rígido. Como Shirley Sahrmann (N.T: Autora do ótimo livro “Diagnosis and Treatment of Movement Impairment Syndromes”) escreveu:
Sempre que se observa um músculo hiperativo, procure por um sinergista hipoativo.
Nesse caso que estamos analisando o conjunto dos músculos glúteos do lado direito (todos eles: máximo, médio e mínimo) são provavelmente os culpados.
Se o glúteo máximo não está ajudando com a extensão do quadril, o quadrado lombar irá se tornar dominante, substituindo essa extensão do quadril por extensão da coluna lombar. E, se os glúteos médio e mínimo não estão fazendo seu trabalho como abdutores do quadril o quadrado lombar entrará em ação para auxiliar no plano frontal.
Essa dupla compensação é chamada de “Padrão da Cadeia Anterior Interna Esquerdo” pelo pessoal do Postural Restoration Institute e eles estabeleceram muitos exercícios para combater o padrão de expansão apical (que cria tensão através do quadrado lombar), e também para trazer a pelve de volta à posição neutra.
(N.T: O Postural Restoration Institute tem uma visão particular de como ocorrem adaptações posturais e as compensações resultantes, como em qualquer filosofia muitas vezes eles convergem com outras visões e por vezes não. Aos que quiserem explorar um pouco mais entrem no link do site deles. O que eles chamam de Cadeia Anterior Interna, tradução livre do original em inglês “Anterior Interior Chain – AIC”, engloba os músculos Diafragma, Ilíaco, Psoas, Tensor da Fáscia Lata, Vasto Lateral e Bíceps Femoral).Dando um passo adiante, tipicamente aqueles com o quadrado lombar muito ativo irão também apresentar limitação na rotação torácica (em virtude da inserção do quadrado lombar na parte inferior das costelas), portanto seria inteligente complementar o alongamento com algum trabalho de mobilidade torácica.
O atleta que serviu de exemplo no começo deste artigo tem a rotação torácica mais limitada que já vi (ambas, ativa e passiva) em qualquer arremessador neste período “fora de temporada” esse ano.
(N.T: Apesar das instruções serem em inglês a demonstração é bem explicativa e fácil de entender, alguns pontos:
– Rolo sob a perna de cima para manter a lombar em posição neutra.
– Iniciar “alcançando com o braço de cima e depois fazer o círculo com o braço.
– Seguir o movimento com os olhos, fazendo com que a cervical auxilie na mobilidade torácica.
– Na medida em que vai se fazendo o círculo com o braço, a cintura escapular (do braço que está se movendo) deve descer um pouco – não deixar “encolher” o ombro).
Isto tudo dito aqui vai uma boa regra:
Se o indivíduo tem a coluna torácica plana, com rotação torácica limitada, dê uma olhada no peitoral maior, latíssimo do dorso e quadrado lombar.
Se a abdução horizontal (peitoral maior) e a flexão do ombro (latíssimo do dorso) estão normais, vá direto para o quadrado lombar e analise a extensibilidade do tecido (como a medida pelo teste de flexão lateral do tronco).
Será de muita utilidade – particularmente para atletas de esportes rotacionais.
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Artigo Original: Assessments you might be overlooking – installment 6.