Ícone de fechar

Isso dói?

Por Marcus Lima em 30 de abril de 2015

Um artigo já antigo, do preparador físico norteamericano Mike Boyle, mas que permanece muito atual. Falando sobre como não deveríamos machucar as pessoas sob nossos cuidados. As duas palavras do título deveriam nos pautar: Isso dói?

Grande abraço a todos leitores.

 

Isso dói?

Mike Boyle

 

Me perguntam questões sobre reabilitação o tempo todo. Eu tenho reabilitado atletas de múltiplos esportes que haviam sido liberados pelo médico ou fisioterapeuta. Em razão de muitas pessoas conhecerem meu histórico, frequentemente me contatam pedindo conselhos.

A maior parte do tempo, meus conselhos são ignorados, porque não digo o que as pessoas querem ouvir. Me dizem:
Só dói quando eu corro. E eu respondo com: – Então não corra.

Um famoso treinador que conheço uma vez me disse: – As pessoas não pedem conselhos; elas querem concordância ou consenso. Se você não diz o que elas querem ouvir, elas pedem para outro.
Suas palavras para mim foram: – Não perca seu tempo dando conselhos.

 

Então, lá vou eu perder tempo novamente.

 

Se você tem uma lesão, e está se perguntando se um determinado exercício é apropriado, faça-se a seguinte pergunta:

– Isso dói?

O ponto central aqui, é que a pergunta “Isso dói?” só pode ser respondida com um SIM ou um NÃO.

Se a resposta for sim, então você não está pronto para o exercício, não importando o quanto goste dele. Muito simples, certo? Na realidade não. Falo a qualquer pessoa, com a qual esteja conversando sobre reabilitação que qualquer outra resposta que não seja um NÃO, quer dizer sim.

Coisas como: “depois do aquecimento a dor passa”, etc. Querem dizer SIM. É impressionante quantas vezes já fiz essa pergunta às pessoas só para ouvi-las tergiversarem.

A razão pela qual fazem isso, é que não gostam da minha resposta. As pessoas querem saber coisas como: – E aquela cura mágica que ninguém nunca me falou a respeito? E aquele exercício secreto?

Existe um ditado que gosto muito de dizer nesses casos: – O segredo é que não existe segredo.
Um homem sábio, chamado Benjamin Franklin, disse uma vez: – Senso comum, não é tão comum.

Se você está lesionado e quer se curar, use seu senso comum. Exercício não deveria provocar dor. O que parece simples, mas os praticantes muitas vezes ignoram a dor o tempo todo e tentam racionalizar em cima disso.

Desconforto é algo comum ao final de uma série de um exercício de força ou de uma sessão cardiovascular intensa.  Desconforto adicional, a chamada dor muscular tardia, frequentemente ocorre pelos 2 dias subsequentes a uma sessão intensa. Isto é normal. Este desconforto deveria durar somente por esses 2 dias e se limitar aos músculos, não à articulações ou tendões.

Dor ao iniciar um exercício não é normal nem saudável, e é um indicativo de um problema.

A progressão em qualquer exercício de força deveria ser baseada em uma amplitude de movimento plena e livre de dor, que pode produzir dor muscular, mas não dor articular. Se é necessário modificar ou reduzir a amplitude do movimento para que não produza dor articular, temos um problema.

Progressão em um exercício cardiovascular deveria ser livre de dor e seguir a regra dos 10%:

→ Não aumentar o tempo ou a distância do exercício mais do que 10% de uma sessão para outra.

Tenho usado esta regras simples por toda minha carreira como preparador físico e tenho sido capaz de manter literalmente centenas de atletas saudáveis. Tenho certeza que os mesmos conceitos irão lhe ajudar.


Artigo original: Does it Hurt?

Instituto Fortius