Mais um da série de anatomia escrito pela ótima Kathy Dooley, onde ela argumenta do porquê não considera a cabeça curta do bíceps femoral como um dos isquiotibiais.
Vale a conferida.
Anatomia da Cabeça Curta do Bíceps Femoral
Kathy Dooley
Eu tenho uma opinião forte a respeito do que faz com que um músculo seja um verdadeiro isquiotibial.
O músculo precisa preencher 3 pré-requisitos:
1 – Precisa ser inervado pelo nervo tibial, o nervo que se opõe ao nervo femoral.
2 – Precisa estender o fêmur, relativo ao acetábulo (extensão do quadril).
3 – Precisa flexionar a perna, em relação ao fêmur (flexão do joelho).
O gastrocnêmio quase consegue, ele cumpre os critérios 1 e 3.
Até mesmo o poplíteo e o plantar quase conseguem, também cumprem os critérios 1 e 3.
O adutor magno (na “porção isquiotibial”) também quase consegue. Ele cumpre os critérios 1 e 2.
A cabeça curta do bíceps femoral é geralmente aceita como um isquiotibial. Eu tenho um problema com isso. Porque ele só cumpre o critério 3.
A cabeça curta é inervada pelo nervo fabular comum, diferente dos verdadeiros isquiotibiais.
A cabeça curta não cruza o quadril, diferente dos verdadeiros isquiotibiais.
A cabeça curta do bíceps femoral está mais longe de ser um verdadeiro isquiotibial do que o músculo plantar!
Eu considero a cabeça curta como sendo o maior compensador da verdadeira função dos isquiotibiais. Este músculo cruza uma articulação, diferente dos verdadeiros isquiotibiais. Com uma inervação diferente e uma articulação a menos para cruzar, ele pode bagunçar a mecânica de todo o conjunto dos isquiotibiais.
Em cadáveres, o parte superior da porção isquiotibial do adutor magno, termina onde começa a cabeça curta do bíceps.
Quando eu vi isso, eu sabia que eles precisavam agir em conjunto como um verdadeiro isquiotibial. Mas, como diz meu amigo Jason Kapnick: – Coisas que são inervadas juntas, contraem juntas.
E a cabeça curta do bíceps femoral é inervada de forma diferente do resto da cadeia posterior, abaixo da região glútea.
Portanto, esse músculo deveria ser avaliado de maneira diferente do resto dos isquiotibiais.
A cabeça curta se insere na linha áspera do fêmur, e é separado do vasto lateral por um septo intermuscular. Este septo pode se tornar tão sensível ao toque que já vi pacientes praticamente pularem da maca. Quando isso é mal interpretado, como sendo “Síndrome do Trato Iliotibial”, explico que existe muito mais na anatomia da região do que o trato iliotibial.
A cabeça curta do bíceps precisa ser avaliada naqueles que não conseguem a extensão completa do joelho. Ainda mais importante, a cabeça curta pode comprometer a extensão completa do quadril.
A cabeça curta se junta à cabeça longa do bíceps femoral (um verdadeiro isquiotibial) algumas polegadas acima dos côndilos do fêmur. Se a cabeça curta estiver facilitada (N.T: Hiperativa), seu esforço em exercer tensão no fêmur pode comprometer a mecânica da cabeça longa do bíceps femoral no quadril.
Este músculo também pode comprometer as fases de balanço e do primeiro contato do pé no solo no ciclo da marcha, onde o músculo precisa contrair excentricamente para oferecer suporte a essas fases (N.T: Funcionando como um freio).

Tenho visto isso em casos de inflamação do nervo isquiático, uma vez que a cabeça curta do bíceps femoral está firmemente colocada ao longo do nervo (o piriforme leva muito crédito). Se o músculo é puxado em direção ao fêmur e a fíbula, ele é alongado ao longo do nervo isquiático, resultando em agulhadas desde a parte de trás da perna até o pé.
Espero que você comece a pensar nas cabeças longa e curta do bíceps femoral como músculos separados. São dois músculos com diferentes inervações, inserções proximais e mecânica.
Quanto à cabeça curta do bíceps femoral, espero que você adicione este músculo uniarticular à lista dos comumente facilitados.
Como de costume, é com você.
Artigo original: Anatomy Angel: Short Head, Biceps Femoris.