Artigo bem interessante do Dr. Perry Nickelston, quiroprata americano, sobre a relação entre a inibição (falta de uma atividade normal em termos de ativação muscular) dos flexores do pescoço e a rigidez nos isquiotibiais. Ou seja a relação entre estabilidade proximal e mobilidade distal.
Quem quiser saber mais sobre o trabalho dele e também ler mais alguns de seus artigos, acessem o seu site: Stop Chasing Pain.
Um baita agradecimento à grande contribuição do sócio/professor da Fortius, Alexandre Ortiz “Xandão” por esta tradução.
Boa leitura a todos!
Para gerar potência, você precisa de mobilidade. Para ter mobilidade, você precisa de estabilidade.
A estabilidade proximal alimenta a mobilidade distal. A instabilidade sinaliza ao sistema nervoso para colocar um freio na produção de potência porque se sente ameaçado. A falta de estabilidade é uma ameaça ao seu sistema nervoso.
O cérebro está no controle do pedal do acelerador e controla a quantidade de “gasolina” que coloca em um músculo.
Ele vai inibir (adaptação neural descendente) um músculo em um padrão e facilitar (adaptação neural ascendente) em outro em uma tentativa de ganhar estabilidade. Ele rouba de Pedro para pagar a Paulo.
O cérebro é um pedaço de carne preguiçoso e não gosta de trabalho duro. Ele engana e leva ao caminho mais fácil a cada oportunidade que recebe.
Quando existem padrões de movimento disfuncionais, o cérebro simplesmente escolhe um caminho alternativo mais fácil para realizar uma determinada tarefa.
Por exemplo, se o sistema de estabilização profundo do núcleo (N.T: Núcleo, tradução da palavra core) do seu corpo é instável, o seu sistema nervoso simplesmente irá recrutar músculos mais superficiais para assumir a tarefa de estabilização.
Um dos relacionamentos mais comuns é a inibição (fraqueza) dos flexores profundos do pescoço com a facilitação (N.T: Excesso de sobrecarga, nesse caso se traduzindo em rigidez e sensação de “encurtamento”) nos isquiotibiais.
Instabilidade sinaliza ao cérebro e o sistema nervoso para colocar um freio na produção de potência porque se sente ameaçado. A falta de estabilidade é uma ameaça para o seu sistema nervoso.
A falta de estabilidade no pescoço, provoca uma compensação reflexa nos isquiotibiais para que estes assumam o trabalho dos flexores do pescoço.
Esta relação pode ser comumente vista no teste de tocar os pés a partir da posição em pé (N.T: “Standing to Touch Test” ou às vezes eles chamam somente de Toe Touch Test).
Neste teste, os pés estão juntos e as pernas estão retas sem flexão do joelho. Olhe para os seus dedos (flexores do pescoço) e, em seguida, flexione a frente para tocar os dedos dos pés. Se os flexores do pescoço estiverem inibidos, o sistema nervoso detecta a ameaça de instabilidade, então no caminho para tocar os dedos dos pés, enrijece os isquiotibiais para que você não caia para frente e se machuque.
Assim, a partir disso aprendemos que o fator chave para a potência não está em pisar mais fundo no pedal do acelerador, mas simplesmente tirar o pé do freio. Você irá automaticamente mais rápido.
Vamos dar uma olhada em algumas das estruturas do núcleo de estabilização profundo com base no trabalho de Thomas Myers (N.T: Thomas Myers, autor do livro: Trilhos Anatômicos, chama isto de Linha Profunda).
A linha central profunda (mostrado em vermelho abaixo) é o sistema de estabilização primário do corpo.
De acordo com Myers, a Linha Profunda é o sistema de estabilização primário do corpo. Disfunção neste sistema, leva a padrões de compensação, desperdício de energia e diminuição da produção de força e potência. É o cilindro mestre para o seu motor. Pense em um carro com um motor de oito cilindros que aciona apenas quatro deles. Ele tem a capacidade de produção de energia, mas não pode desencadeá-la.
Atletas muitas vezes tentam obter mais potência do seu motor, em vez de, primeiramente, garantir que todos os oito cilindros estão acendendo.
Seu corpo vai roubar a estabilidade de algum outro lugar para se sentir seguro. Ele vai roubar a força de um padrão e dá-la a você em outro. Isso é chamado de compensação
Os flexores profundos do pescoço (longo da cabeça e do pescoço) fazem flexão, flexão lateral e rotação da cabeça. Eles fazem uma tonelada de coisas. Avalia-los é fundamental.
Faça a primeira parte do vídeo abaixo com o polegar sob o queixo por dez segundos. A colocação do polegar assegura que você não está usando muito de seus outros flexores do pescoço, como o escaleno anterior e esternocleidomastóideo.
Você sente fadiga, dor, desconforto, tremores, ou a necessidade de prender a respiração durante este exercício? Se assim for, indica que o músculo pode estar inibido e precisa de ativação. A chave é ativar os flexores do pescoço depois de liberar as áreas que estão mais propensas à tensão e rigidez.
Vamos examinar o que fazer se sua área problemática são os isquiotibiais.
Primeiro, faça um teste de flexão de tronco e veja se seus tendões se sentem contraídos e se você pode alcançar os dedos dos pés. Use um rolo miofascial (foam roller) nos isquiotibiais por 30-45 segundos. Em seguida, deite de costas e faça os exercícios de ativação do pescoço do vídeo.
Coisas para lembrar:
Levante e repita o teste de flexão de tronco. Conseguiu chegar mais longe? Você se sentiu mais estável pra chegar lá? Aplique este protocolo a qualquer outro músculo onde você sente tensão. Os culpados mais comuns são adutores da coxa e quadrado lombar tensos.
Avaliar os músculos do pescoço é crítico.
Seu corpo vai roubar a estabilidade de algum outro lugar para se sentir seguro. Ele vai roubar a força de um padrão e dá-la a você em outro. Isso é chamado de compensação. Explore o poder do seu sistema nervoso para liberar energia. Regredir para progredir.
Para se tornar um “fodão” você nem sempre tem que ficar mais forte, mais rígido, mais rápido e por mais tempo. Puxe o regulador de pressão para expandir sua zona de conforto de movimento e seu corpo irá conceder-lhe a força.
1. Cook, Gray. Movement: Functional Movement Systems: Screening, Assessment, and Corrective Strategies. Aptos, CA: On Target Publications, 2010. Print.
2. Elphinston, Joanne. Stability, Sport, and Performance Movement: Great Technique without Injury. Chichester, England: Lotus Pub., 2008. Print.
3. Myers, Thomas W. Anatomy Trains: Myofascial Meridians for Manual and Movement Therapists. Edinburgh: Churchill Livingstone, 2001. Print.
4. Weinstock, David. NeuroKinetic Therapy: An Innovative Approach to Manual Muscle Testing. Berkeley, CA: North Atlantic, 2010. Print.
Artigo original em inglês: Are Your Weak Neck Muscles Making Your Hamstrings Tight?
Mandou bem na tradução Alexandre Ortiz.